Cuidados

Rede de apoio ao paciente: como envolver, orientar e preparar essas pessoas

Após passar por uma internação e intervenções de alta complexidade decorrentes de um evento agudo grave, é comum que pacientes – e, consequentemente, sua rede de apoio – tenham que conviver com sequelas cognitivas ou físico-funcionais.

 Mas a realidade é que a maioria das pessoas não está preparada para lidar com essa situação e precisa de um tempo para assimilar as mudanças e se preparar para a nova realidade.

Nesse contexto, as unidades de transição de cuidados podem oferecer um suporte valioso. Em primeiro lugar, porque trabalham com foco na reabilitação desses pacientes de maneira individualizada e coordenada, em um ambiente totalmente planejado para isso. 

Em segundo, porque oferecem suporte e preparação qualificada para familiares e cuidadores desse paciente, com objetivo de garantir que sua volta ao lar seja segura (evitando reinternações) e proporcione qualidade de vida.

Neste artigo, vamos entender como as clínicas de transição têm trabalhado para envolver, orientar e capacitar a rede de apoio de seus pacientes. 

Como envolver a rede de apoio

Um dos principais diferenciais do atendimento prestado nas unidades de transição é a busca pelo envolvimento da rede de apoio dos pacientes em seus cuidados desde o momento da admissão. Tanto que é comum que as clínicas desenvolvam protocolos de educação em saúde voltados especificamente para esse público. 

Esses protocolos são colocados em prática nos momentos seguintes à entrada do paciente e envolvem diferentes etapas até a alta. 

Por isso, desde a admissão, a família é orientada a se organizar para garantir que as pessoas que vão participar mais ativamente dos treinamentos sejam as mesmas responsáveis pela continuidade dos cuidados em casa. 

Mesmo nos casos em que o paciente possui cuidadores ou atenção domiciliar, é orientado aos familiares que designem uma pessoa de referência para acompanhar todo esse processo. 

Dessa forma, a família terá entendimento e domínio dos cuidados necessários não apenas para acompanhar com mais propriedade a qualidade do trabalho prestado ao paciente, mas também para agir em momentos em que não seja possível contar com a prestação do serviço.

Em resumo, é apresentado à família a importância de que tenha domínio sobre esses cuidados para que sejam feitos (por ela ou por outros) de forma qualificada, evitando complicações, reinternações e garantindo a continuidade dos ganhos obtidos durante a transição. 

Etapas de capacitação da rede de apoio

1. Aulas teóricas

A primeira etapa da capacitação da rede de apoio do paciente são as aulas teóricas. 

Nelas, os profissionais da equipe transdisciplinar vão explicar todas as necessidades do paciente e os procedimentos cotidianos que elas envolvem, além de demonstrar a familiares e cuidadores todos os cuidados necessários para prevenir agravos, garantindo a segurança e qualidade de vida do seu ente querido. 

Veja alguns exemplos: 

  • Se o paciente não pode ser desmamado da traqueostomia, sua rede de apoio vai ser apresentada ao dispositivo, entender como ele funciona, os riscos envolvidos no seu manejo e que sinais de alerta observar no dia a dia. 
  • Se o risco é de queda, a família e cuidadores são orientados sobre como ajustar o domicílio para prevenir quedas e os pontos de atenção. 
  • Caso o risco seja de broncoaspiração, a rede de apoio conhecerá os manejos corretos para oferta de alimentação, como se posicionar e os demais cuidados necessários para prevenir essa complicação, muito comum em pacientes com mobilidade reduzida e que usam dispositivo respiratório ou de alimentação.

2. Conhecimentos colocados em prática

Depois do módulo teórico, a família inicia o treinamento prático beira leito. Para que as pessoas tenham tempo de absorver os novos conhecimentos e se sintam seguras para executá-los, o treinamento geralmente é dividido em etapas. 

1 – Num primeiro momento, os profissionais da equipe transdisciplinar apenas demonstram detalhadamente como executar o cuidado. 

2 – Depois, a família e cuidadores são convidados a participar do procedimento, realizando parte dele com os profissionais. 

3 – E, num terceiro estágio, os profissionais permitem que as pessoas da rede de apoio executem o procedimento por completo, sob sua supervisão.  

3. A importância do envolvimento gradual

Um exemplo muito comum nas clínicas de transição é o de pacientes que chegam com uma ferida crônica. A completa cicatrização desse tipo de lesão costuma levar um tempo superior ao da internação. Ou seja, será necessário que a família aprenda como fazer e continue realizando os cuidados em casa. 

A questão é que, um curativo – que, à primeira vista pode parecer um procedimento trivial, especialmente para quem é da área de saúde – tem potencial para se tornar um grande desafio para pessoas que não estão acostumadas, gerando angústia, repulsa ou medo de errar. 

Por isso, as equipes transdisciplinares de unidades de transição usam a estratégia de introduzir essas “novidades” gradualmente, de maneira que a rede de apoio tenha tempo de desmistificar os procedimentos, se adaptar e começar a executá-los com confiança. Com informação qualificada, supervisão e suporte profissionais, as pessoas percebem que são capazes de dar continuidade aos cuidados. 

4. Manutenção dos ganhos obtidos durante a internação

Os cuidados transmitidos à rede de apoio durante a internação do paciente na clínica de transição abrangem procedimentos para manutenção da segurança e qualidade de vida no dia a dia, mas não se restringem a isso. 

A família e os cuidadores também aprendem exercícios e cuidados para que todos os ganhos (motor, funcional, entre outros) obtidos no período de internação não sejam perdidos após a alta. 

Quanto tempo leva a capacitação da rede de apoio? 

Como o nome sugere, a transição é uma instituição temporária de cuidados, na qual o paciente deve estar por tempo suficiente para a reabilitação dentro das suas possibilidades e a reversão de sequelas que, em seu caso, apresentem possibilidade de reversão. 

O ideal é que esse não seja um período prolongado. Por isso é importante aproveitá-lo da forma mais eficiente possível. Sendo assim, as ações para envolver e capacitar a rede de apoio desse paciente são realizadas desde sua chegada até a alta. 

Criação de vínculo é fundamental

Acompanhar um ente querido durante um momento complexo de saúde é uma situação delicada, em que familiares precisam resolver questões práticas, assimilar novos conhecimentos e tomar decisões importantes ao mesmo tempo em que lidam com sentimentos como angústia, insegurança e medo. 

Para tentar facilitar esse processo, as clínicas de transição têm investido na formação de um vínculo forte de confiança entre membros da equipe transdisciplinar e a rede de apoio dos pacientes. 

Uma das estratégias que tem apresentado bons resultados é manter a mesma equipe em todas as etapas do cuidado durante a internação, da admissão à alta, num modelo chamado de cuidado longitudinal. 

Isso significa dizer que os mesmos profissionais que administram medicação, realizam as terapias e monitoramentos com o paciente cuidarão também da completa capacitação da rede de apoio (fases teórica e prática beira leito). 


Se você quer se aprofundar um pouco mais sobre a transição de cuidados, entenda como funciona a jornada do paciente e como se preparar para esse momento.

Cuidados Vídeos

Clínica de Transição e seus benefícios

Confira a entrevista completa com o CEO da Rede Paulo de Tarso, Carlos Costa, sobre a importância das Clínicas de Transição. Conheça o conceito desse modelo de cuidados e os benefícios relacionados à economicidade e sustentabilidade para o setor da saúde.

Além disso, entenda como os serviços de uma Clínica de Transição podem trazer qualidade de vida para pacientes e sua rede de apoio e o papel das equipes transdisciplinares.

Cuidados

Transição de Cuidados: do que estamos falando?

Com o envelhecimento da população e a necessidade de uma mudança estrutural no modelo de saúde brasileiro, a transição de cuidados ganha cada vez mais destaque. 

Este é um conceito relativamente novo, especialmente no Brasil, onde a primeira unidade foi instalada em meados da década de 70, mas que só ganhou destaque e viu surgir outras unidades com esse propósito já no início dos anos 2000. É, portanto, natural que ele evolua e se fortaleça ao longo do tempo, a partir de resultados assistenciais que garantem a qualidade de vida aos pacientes  e também de novos estudos e pesquisas acadêmicas. 

Mas a verdade é que, atualmente, uma grande parcela da sociedade ainda desconhece esse modelo. E, mesmo entre profissionais e empresas ligadas a serviços de saúde, ainda existe uma certa dificuldade em diferenciar alguns conceitos ou chegar a consensos em relação às propostas assistenciais que eles oferecem. 

Neste texto, trazemos alguns dos principais conceitos ligados ao universo da transição de cuidados e estabelecemos as principais diferenças entre eles. 

O que são as unidades de transição de cuidados? 

Para entender melhor este cenário, precisamos estabelecer as diferenças entre conceitos como transição de cuidados, cuidados de transição, hospice, cuidados prolongados e cuidados de retaguarda

Antes de entrarmos na definição de cada um desses conceitos, é necessário esclarecer que alguns deles ainda estão em evolução ou definição no Brasil. E isso acontece, em boa parte, por ainda não haver uma regulamentação que os estabeleça, de forma objetiva e abrangente. 

Mesmo assim, com apoio da literatura e de sociedades científicas, órgãos governamentais e práticas clínicas, é possível determinar algumas diferenças básicas e fundamentais.

Vamos começar com os serviços de transição de cuidados, sejam eles hospitais ou clínicas. 

Serviços de transição de cuidados se caracterizam por serem unidades destinadas a programas intensivos de reabilitação ou adaptação de condições crônicas, de rápida reinserção social. O período de permanência nessas unidades é previsto na proposta terapêutica definida, no momento da internação, por equipe transdisciplinar, em que exista a possibilidade de estabelecer ganhos funcionais, clínicos ou realizar cuidados paliativos em sua fase final.

Um serviço que se propõe a realizar a transição de cuidados deve buscar: 

– O processo da alta qualificada (segura e coordenada) dos seus pacientes sempre que possível

– Estabelecer alto padrão técnico na assistência prestada

– Promover – por meio de linhas de cuidados, protocolos e diretrizes – as melhores práticas assistenciais para gerar desfechos clínicos favoráveis e economicidade em saúde. 

Transição de cuidados não é o mesmo que cuidados de transição

A American Geriatrics Society (AGS), assim como outros autores, descrevem os cuidados de transição como “um conjunto de ações destinadas a assegurar a coordenação e a continuidade dos cuidados de saúde enquanto os pacientes são transferidos entre diferentes níveis de atenção, podendo estes ocorrer dentro ou não do mesmo local.” 

Ou seja, os cuidados de transição são práticas que acontecem com coordenação de cuidados entre os diversos serviços de saúde ou dentro de uma mesma instituição. Podendo, inclusive, acontecer em diferentes setores de hospitais gerais de alta complexidade e entre diferentes linhas terapêuticas como na nefrologia, oncologia, cardiologia e outras especialidades e modalidades. 

Cuidado de transição não tem, portanto, relação com serviços especializados e sim com uma estratégia de cuidados. 

Logicamente, os serviços de transição de cuidados realizam cuidados de transição, principalmente por envolver, em seu exercício, a transferência de responsabilidade de cuidados e de informações entre prestadores e famílias, com o objetivo de manter a continuidade dos atendimentos e da segurança dos pacientes.

O modelo de hospice

O termo Hospice (hospedarias, em português) vem da Idade Média. Começou a ser mais comumente usado durante as Cruzadas, época em que era comum buscar hospedagem em monastérios, que abrigavam não apenas doentes e moribundos, mas famintos, mulheres em trabalho de parto, pobres, órfãos e leprosos (Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2021).

Na prática, hospice é uma filosofia aplicada aos cuidados de pessoas com doenças de maior complexidade, difíceis de serem gerenciadas em domicílio. Muitas dessas doenças são incuráveis, e os pacientes se encontram em cuidados paliativos. 

Em uma instituição estruturada, em sua totalidade, dentro do modelo de hospice é complexo determinar condições de previsibilidade do tempo de permanência de pacientes, pois o perfil assistencial predominante é o de cuidados paliativos e, muitas vezes, em diferentes estágios e também abordando questões sociais. 

No Brasil, existem muitos serviços que adotam e se especializam dentro da filosofia do hospice. Como na América do Norte e na Europa, eles vão ganhando corpo e características próprias. Porém, devido à ausência de regulamentação específica, também esbarram em dificuldades conceituais e questões técnicas, inclusive junto às fontes pagadoras.

As unidades de transição de cuidados, em sua grande maioria, absorvem os cuidados paliativos e também a filosofia do hospice, porém diferem na execução: eles são oferecidos como linha de cuidados quando são exclusivos em fases avançadas. 

Nesses casos, é possível determinar prognóstico para cuidados em nível de internação e suporte avançado por meio de uma avaliação global, do uso de protocolos e da montagem de um plano terapêutico baseado em instrumentos preditivos de sobrevivência como Palliative Performance Scale (PPS), Karnofsky Performance Status (KPS), Palliative Prognostic Index (PPI) e Palliative Prognostic Score (PaP). 

A filosofia dos hospices estabelece visitas ampliadas, acesso de crianças e animais de estimação, flexibilidade na assistência e nas predileções dos pacientes, além do cuidado centrado no cliente. As unidades de transição de cuidados também adotam essas ações, com a diferença de que são acessíveis a todos os seus pacientes (cuidados paliativos, em reabilitação ou doenças crônicas).

Instituições de cuidados prolongados e de retaguarda

A ideia geral por trás desses dois conceitos é otimizar o uso dos leitos de alta complexidade e proporcionar uma articulação mais fluida com os serviços de atenção básica.  

Diferentemente dos demais termos tratados até agora, os cuidados prolongados foram definidos pelo Ministério da Saúde por meio da Portaria GM n° 2.809, de 7 de dezembro de 2012. Eles destinam-se a pacientes em situação clínica estável que necessitam de reabilitação e/ou adaptação a sequelas decorrentes de processo clínico, cirúrgico ou traumatológico. É, portanto, uma etapa intermediária entre os cuidados hospitalares de caráter agudo e crônico reagudizado e o retorno do paciente ao domicílio. 

O conceito e a estratégia definidos na portaria ministerial são bastante próximos ao que se propõem as unidades de transição de cuidados, com uma diferença muito importante na prática: nas instituições de cuidados prolongados, geralmente não há um prazo determinado para a permanência do paciente. Muitas vezes, a ocupação desses leitos se dá por pacientes em situação crônica e que não têm condições de receber cuidados em casa. 

A retaguarda, por outro lado, não é propriamente um perfil assistencial. É uma estratégia que propõe que clínicas e hospitais habilitados formem, como o nome sugere, uma rede de apoio às instituições de alta complexidade e à Rede de Urgência e Emergência no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Os cuidados de transição podem ou não estar incluídos nessa estratégia. 

Importância da regulamentação

As diferenças entre os conceitos que povoam o universo dos cuidados de transição às vezes são sutis na teoria, mas abarcam questões fundamentais e importantes na prática diária. 

Essa fluidez de interpretações pode tanto causar confusão no entendimento de pacientes sobre tipos de serviços e modelos de saúde à sua disposição quanto dificuldades de ordem prática e administrativa para profissionais, hospitais e operadoras de saúde. 

Justamente por isso, um dos tópicos bastante debatidos pelo setor de saúde atualmente é a necessidade de uma regulamentação mais completa, abrangendo o segmento de cuidados de transição. A ideia é que haja uma definição melhor da prestação desses serviços tanto no nível público quanto no privado.

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Equipe transdisciplinar: entenda seu papel nos cuidados de transição

O enfrentamento dos desafios impostos por um AVC, uma doença crônica ou em estágio de cuidados paliativos são situações complexas, que envolvem uma gama de atendimentos especializados. 

Quanto mais integrados e coordenados forem esses cuidados, maiores as chances de reinserção desse paciente em seu convívio social, com o máximo possível de autonomia, ganhos e funcionalidades. Com isso em vista, clínicas de transição têm como uma das bases de sua estrutura as equipes transdisciplinares

Neste artigo entenda o papel de uma equipe transdisciplinar e o seu impacto nos cuidados de transição de um paciente.

O que é e o que faz uma equipe transdisciplinar?

A equipe transdisciplinar reúne profissionais altamente qualificados de diferentes especialidades, que trabalham de forma integrada e colaborativa, desde a admissão do paciente. 

Eles atuam de forma abrangente, tanto ajudando o paciente a alcançar seus objetivos clínicos quanto preparando e orientando sua família e seus cuidadores para que possam apoiá-lo em um retorno seguro ao lar. 

Essa equipe é geralmente composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e de radiologia, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos clínicos e assistentes sociais. 

No dia a dia da instituição de transição de cuidados, cada membro dessa equipe contribui com seus conhecimentos técnicos para avaliar o estado de saúde do paciente. Essa visão abrangente, baseada em diferentes perspectivas, torna possível que se chegue a um plano terapêutico personalizado, mais completo e preciso, que leva em consideração tanto aspectos físicos quanto emocionais e sociais

A estreita colaboração entre esses profissionais contribui para que os cuidados sejam coordenados e que não haja lacunas na assistência. Isso evita a duplicação de esforços e erros de comunicação.

A prática da equipe transdisciplinar

Depois de avaliar cada paciente admitido, sua condição de saúde e suas necessidades específicas, a equipe transdisciplinar estabelece objetivos de tratamento e inicia, conjuntamente, as terapias e cuidados pertinentes para atingir o melhor desfecho clínico possível. 

Abaixo, estão alguns dos procedimentos e terapias que as equipes transdisciplinares realizam no dia a dia. A partir deles, é possível ter uma dimensão da abrangência e da complexidade dos atendimentos realizados em uma instituição de transição de cuidados. 

É importante, no entanto, ressaltar que esses são apenas alguns exemplos e que tanto os objetivos quanto as terapias utilizadas variam conforme as necessidades de cada paciente. 

Terapias para ganhos de função motora 

Objetivo: Ganho de  mobilidade, força muscular. 

Exemplos: Voltar a ter controle do tronco e recuperar a capacidade de permanecer sentado, conseguir se mover sozinho da cama para a cadeira de rodas e vice-versa, ficar de pé, voltar a andar. 

Benefícios: Além de mais independência e melhoria da qualidade de vida, esses ganhos reduzem riscos de lesão, trombose e broncoaspiração. 

Terapias para ganhos de funcionalidade

Objetivo: Melhorar a capacidade de realizar as atividades diárias. 

Exemplos: Tomar banho, usar o vaso sanitário, vestir-se, alimentar-se, locomover-se. 

Benefícios: Mais independência, qualidade de vida e segurança, além de facilitar o cuidado.

Terapias para ganhos de condição cognitiva

Objetivo: Melhorar as condições mentais do paciente por meio de subavaliações de orientação, memória e atenção. 

Exemplos: Dialogar com clareza, participação social, memória afetiva.

Benefícios: Melhor compreensão, autonomia e participação social.

Terapias para ganhos fonoaudiológicos

Objetivo: Eliminar ou reduzir o grau de comprometimento da função de deglutição e proteção de vias aéreas e das funções de compreensão e expressão oral. 

Exemplos: Engolir e alimentar-se com segurança.

Benefícios: Desmame de vias de alimentação alternativa (sondas de alimentação), redução da dificuldade para engolir, melhoras na fala e na compreensão. 

Protocolos para desmame de oxigênio suplementar, traqueostomia ou ventilação mecânica

Objetivo: Reduzir riscos de complicações, infecções ou traumas e aumentar qualidade de vida por meio da remoção de equipamentos de suporte e/ou invasivos. 

Elegibilidade: Na admissão, a equipe avalia se o paciente reúne as condições necessárias para iniciar o protocolo de desmame. 

Suporte a familiares e cuidadores

Um outro aspecto fundamental do trabalho das equipes transdisciplinares nas instituições de transição de cuidados é a interação próxima e transparente com familiares e cuidadores dos pacientes. 

Esse contato se dá com base em dois objetivos principais. O primeiro deles é manter um canal de comunicação e esclarecimento de possíveis dúvidas a respeito da evolução do plano terapêutico e dos objetivos estabelecidos.  

O segundo está ligado à preparação desses familiares e cuidadores para receber o paciente em casa de forma segura e estruturada após o período de transição de cuidados. E isso engloba preparação psicológica, aprendizado de práticas assistenciais e até mesmo orientações sobre como adaptar espaços físicos. 

Nas instituições de referência no setor de transição de cuidados, as equipes transdisciplinares oferecem oficinas de Educação em Saúde para transmitir a familiares e cuidadores informações relevantes como alimentação segura, mobilização segura, atividades de vida diária, prevenção de lesões e gestão de riscos.

Se você busca conhecer mais sobre cuidados de transição e o impacto na saúde, continue acompanhando nosso Portal e fique por dentro das novidades do setor e da visão de especialistas da área.

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Entenda a jornada do paciente na transição de cuidados

O termo jornada do paciente tem sido usado para descrever o caminho que uma pessoa percorre a partir do momento em começa a investigar algum sintoma ou alteração na saúde até o desfecho dessa busca. 

No contexto da transição de cuidados, essa jornada engloba uma série de particularidades que são ainda pouco conhecidas para a maioria das pessoas, mas que podem ser uma virada de jogo para quem enfrenta doenças crônicas, está em cuidados paliativos, se recupera de um evento agudo, como um AVC, ou possui um ente querido em situações como essas.

Quando começa a jornada do paciente na transição?

Primeiramente, é importante estabelecer como a transição de cuidados se insere no sistema de saúde.

As clínicas de transição são unidades de referência em transição de cuidados – práticas coordenadas para a continuidade dos cuidados e transferência do usuário do ambiente hospitalar para o domiciliar. São considerados, então, um elo entre os serviços de alta complexidade oferecidos no hospital geral e o retorno seguro do paciente ao seu lar. 

Portanto, a transição pode surgir na jornada do paciente após um evento agudo, quando ele já apresenta um quadro clínico estável, mas ainda necessita de cuidados ou de um período de reabilitação e adaptação. Ou então quando ele tem o diagnóstico de uma doença sem perspectiva de cura e requer cuidados paliativos. 

Acolhimento 

Vamos, agora, entender a jornada do paciente a partir do momento em que opta pela transição de cuidados. 

A primeira etapa é o acolhimento – iniciado antes mesmo da admissão, por meio de contatos de profissionais da área de atenção ao cliente.

Eles se colocam à disposição do paciente e seus familiares para apresentar a instituição, suas linhas de cuidado, sua estrutura, seu modo de atuação e esclarecer dúvidas. Também interagem com membros da equipe médica ou do setor de desospitalização do local onde o paciente foi atendido na fase aguda. O objetivo desses contatos é compartilhar informações clínicas relevantes a fim de garantir a continuidade segura e eficiente dos cuidados. 

Avaliação transdisciplinar e definição do plano terapêutico

A partir da admissão, uma ampla avaliação das condições de saúde do paciente é realizada por uma equipe transdisciplinar (médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos clínicos e assistentes sociais). 

Essa abordagem abrangente e humanizada é fundamental nos cuidados de transição. Com base nela, são definidas ações de saúde e sociais integradas, que visam à desospitalização segura e em tempo adequado. 

Paciente e família são apresentados a esse plano terapêutico, que contém as metas de saúde a serem atingidas dentro do tempo previsto da internação, além dos respectivos objetivos terapêuticos. 

É importante ressaltar que, na transição de cuidados, os planos são individualizados. O que significa dizer que pacientes com o mesmo diagnóstico podem ter uma rotina diferente de reabilitação. Por exemplo: dois pacientes que passaram por um AVC, mas têm sequelas distintas, vão necessitar de terapias diferentes. 

Terapias e tratamentos

Depois de conhecer e esclarecer dúvidas sobre o plano terapêutico, o próximo passo da jornada é executá-lo. O paciente vai iniciar as terapias e tratamentos previstos, na frequência e intensidade necessárias para que atinja os melhores resultados possíveis dentro do seu caso específico. 

Dentre as terapias e tecnologias especializadas que clínicas de transição disponibilizam para os pacientes em recuperação estão: cinesioterapia (conjunto de exercícios fisioterapêuticos para estimular coordenação motora, flexibilidade, equilíbrio e funcionalidades); eletroestimulação; câmara hiperbárica; técnicas de terapia ocupacional para desenvolvimento das Atividades de Vida Diárias (AVDs); arteterapia; musicoterapia; terapias em grupo com pacientes e familiares e até mesmo terapias assistidas por animais, uma prática complementar que vem mostrando resultados positivos na promoção de bem-estar físico, emocional e social dos pacientes. 

Acompanhamento 

Para mensurar se os esforços do plano terapêutico estão surtindo o efeito esperado no tratamento dos pacientes, a equipe transdisciplinar conta com uma série de indicadores, que são alimentados diariamente e periodicamente analisados. 

Essa etapa da jornada permite ajustar o plano terapêutico sempre que necessário, alterando objetivos de tratamento, reforçando ou incluindo novas terapias. 

Retorno ao lar

O retorno ao lar é a reta final da jornada do paciente na transição de cuidados. Nas semanas que antecedem a alta, são intensificadas as ações de preparação de familiares e cuidadores que já vinham sendo realizadas ao longo de todo o período de internação.   

Em encontros educativos, os membros da equipe transdisciplinar capacitam essas pessoas a fim de que elas entendam as novas necessidades do seu ente querido e atuem de forma segura na manutenção de sua qualidade de vida. 

Esses encontros compreendem questões práticas como identificar parâmetros clínicos (frequência cardíaca, pressão e saturação), alimentação segura, prevenção de lesões e gestão de riscos, entre outras.

Além disso, as equipes das instituições de transição de cuidados costumam manter o contato por um período após a alta hospitalar. Essa é uma forma de se certificar de que paciente e familiares estão devidamente adaptados à nova rotina.

Para saber mais sobre o modelo de transição de cuidados e suas especificidades, continue acompanhando nosso blog.